segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Com a aquisição da Pantanal, TAM impede avanço de concorrentes em Congonhas

Foi um movimento de ataque. É dessa maneira que o mercado de aviação civil percebeu a compra da Pantanal Linhas Aéreas pela TAM, por R$ 13 milhões, anunciada na manhã desta segunda-feira.

Apesar de a Pantanal não representar um grande ganho de mercado para a TAM, que já é líder com 46% de participação, o movimento foi uma estratégia de impedir que outras concorrentes ocupassem o lugar da Pantanal. Isso porque a Pantanal tem 196 slots (autorizações de decolagem e pouso) em Congonhas, o aeroporto mais lucrativo do País. No total, são 135 slots e as autorizações em Congonhas foram inseridas como ativos de compra à TAM. Os outros 61 serão redistribuídos para as demais companhias, inclusive a TAM, conforme determinação judicial.
A Pantanal passará a compartilhar serviços, plataforma tecnológica e manutenção e reparos, além de fazer parte do Multiplus Fidelidade. Também se beneficiará do sistema de inteligência de mercado, sem falar na integração com as rotas da TAM Linhas Aéreas.
Além da TAM, apenas a Gol/Varig e a Ocean Air operam em Congonhas.
“Para a TAM, a aquisição foi excelente”, afirma um dos principais executivos do setor de aviação do País. “Não pela marca ou pela participação de mercado, mas para dificultar que outras empresas ocupassem espaço num aeroporto tão estratégico como Congonhas.”
Recuperação judicial
A TAM estava de olho na Pantanal desde 2007. À época, porém, a Pantanal tinha passivos de R$ 140 milhões, que a tornavam pouco atraente. Essas dívidas foram segregadas da empresa, com sua entrada em recuperação judicial, em março.
A TAM foi a única empresa a se habilitar para o leilão da Pantanal Linhas Aéreas, no início do mês. Com lance inicial de R$ 38 milhões, o leilão acabou não acontecendo por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que devolveu à agência Nacional de Aviação Civil (Anac) o direito de redistribuir os 61 slots da Pantanal.   
Em fato relevante, a companhia disse que a aquisição está sujeita ao cumprimento de determinadas condições, incluindo, sem limitação, a obtenção da autorização prévia da Anac.
Procurada, a Anac informou que, a princípio, não vai se pronunciar, pois não recebeu nenhuma documentação sobre a compra das ações e só depois de uma análise poderá falar sobre o assunto.
A TAM informou, por meio de comunicado, que a aquisição da Pantanal tem "grande valor estratégico e reflete a confiança da empresa no crescimento da economia brasileira nos próximos anos". "Iremos assistir a um aumento significativo no número de passageiros nos próximos seis anos", informou Maria Cláudia, presidente do Conselho de Administração da TAM. 
Além disso, a aquisição vai ao encontro da expectativa da empresa em se transformar num grupo de multinegócios. A TAM tem um planto estratégico de ter forte crescimento até 2014.
Algumas corretoras, como a Link, diziam que o impacto na operação da TAM será pequeno. Porém, os papéis com direito a voto da companhia aérea tinham alta de 15,48% e os sem direito a voto, de 3,61%, às 12 horas.
Histórico

A Táxi Aéreo Marília (TAM) iniciou suas operações no início da década de 60, transportando cargas e passageiros entre o Paraná e os Estados de São Paulo e do Mato Grosso. Em 1976, o surgimento da TAM - Transportes Aéreos Regionais - deu origem à empresa conhecida hoje como TAM Linhas Aéreas.
Nos seus quase 50 anos de história, a TAM se consolidou como a principal companhia brasileira de aviação, com 46% do mercado e detém a vice-liderança em número de passageiro no Hemisfério Sul. Opera em mais de 40 destinos, incluindo rotas internacionais para a América do Norte, América do Sul e Europa.

A Pantanal foi fundada em 1993 e possui hoje 0,15% de participação de mercado na aviação doméstica. Nos últimos 12 meses faturou cerca de R$ 70 milhões e  possui uma frota de três aeronaves ATR-42 em operação. A empresa está em recuperação judicial, que já foi homologada e segue seu curso normal. 
A companhia opera comercialmente serviços regulares de transporte de passageiros e de cargas para as cidades de Araçatuba (SP), Bauru (SP), Presidente Prudente (SP), Marília (SP), Juiz de Fora (MG) e Maringá (PR).

Fonte: Ultimo Segundo