O chefe do comitê de investigação da Procuradoria-Geral da Rússia, Aleksandr Bastrikin, afirmou neste domingo que um exame preliminar do local do acidente aéreo que matou 88 pessoas ontem indica que a tragédia se deveu à "falha técnica e ao incêndio na turbina direita da aeronave".
De acordo com essa versão, os pilotos do Boeing 737 da companhia russa Aeroflot tentaram, em vão, efetuar uma aterrissagem de emergência após a explosão de um dos motores.
Um Boeing 737 caiu ontem em Perm, nos Montes Urais, em um acidente no qual seus 88 ocupantes morreram, inclusive sete crianças e 21 estrangeiros (nove azerbaijanos, cinco ucranianos, um francês, um sueco, um americano, um letão, um alemão, um turco e um italiano).
Segundo o Ministério de Situações de Emergência russo, o avião caiu sobre um trecho de uma ferrovia durante a manobra de aterrissagem a apenas centenas de metros do Aeroporto de Perm, cidade de cerca de 1 milhão de habitantes.
"O avião parecia um cometa em chamas", relatou um dos moradores da região que presenciaram o acidente, em declarações ao canal de televisão Vesti.
A porta-voz do Ministério de Situações de Emergência, Irina Andrianova, disse que os restos da aeronave ficaram espalhados por um raio de quatro quilômetros, próximo até de casas.
"O avião caiu junto às ruas Sovietskaya Armia e Torpinski, no distrito Industrialni, de Perm. Pelo visto, os pilotos tentaram evitar um choque com as casas" próximas, disse a ministra.
A aeronave, em uso desde 1992, caiu sobre uma linha férrea, danificando um trecho de 500 metros da ferrovia conhecida como Transiberiana, obrigando à suspensão do tráfego no lance entre Yekaterimburgo e Perm.
Horas depois do acidente, no começo da manhã, as equipes de resgate encontraram as duas caixas-pretas da aeronave, que devem ser enviadas a Moscou para análise.
Queda
O contato com o avião foi perdido à 1h12 hora de Moscou (18h12 de sábado em Brasília) quando voava a uma altitude de mais de mil metros.
Enquanto isso, o chefe de vôos do aeroporto de Perm, Savino Irek, contou ao 'Canal 1" da televisão russa que o piloto tinha se comportado de maneira "inadequada". O funcionário relatou que o piloto subiu a 1.200 metros antes de iniciar a aterrissagem, 300 metros a mais que o indicado.
"Era muito alto e já estava perto do aeroporto. Depois, já não entrou em comunicação com a torre de controle. Começou a perder altitude bruscamente. Escutei um grito. Então eu gritei: Conserve a altitude de 600 metros", contou.
Em seguida, acrescentou que, "após alguns segundos, ouviu uma explosão e perto da cidade era possível ver o incêndio e um grande clarão". Só então entendeu que tinha explodido. "Não seguiu minhas ordens. Pode ser que tenha acontecido algo e não quis comunicar", disse.
Logo após ser informado da queda do avião, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, ordenou a criação de uma comissão governamental liderada pelo ministro dos Transportes, Igor Levitin.
O ministro descartou a hipótese de atentado terrorista e estimou um prazo de entre três e quatro semanas para a completa análise das caixas-pretas.
O acidente em Perm é a maior catástrofe aérea russa desde agosto de 2006, quando um avião Tu-154 da companhia aérea Pulkovo caiu na cidade de Donetsk (Ucrânia) quando tentava passar por uma tempestade. Na ocasião, todos os ocupantes do avião morreram: 160 passageiros e 10 tripulantes. No ano passado, a aviação russa registrou 33 acidentes com 318 mortos.
Fonte;
Folha On-line